16 novembro 2025

Júlio de Abreu Filho (1893-1972)

Júlio de Abreu Filho (1893-1972). Cearense, nascido em Quixadá em 10 de dezembro de 1893, Júlio Abreu Filho concluiu o ensino fundamental no Colégio São José, na Serra do Estevão. Em Salvador, Bahia, estudou na Escola Politécnica, mas não terminou o curso. Em Ilhéus, trabalhou na Delegacia de Terras, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura. Foi funcionário daquela prefeitura e da Estrada de Ferro Inglesa, onde teve importante participação na construção do trecho ferroviário entre Ilhéus e Vitória da Conquista. 

Em 1921, no Rio de Janeiro, foi empregado da empresa de energia Light. Nesta mesma empresa, em 1929, transferiu-se para São Paulo, onde trabalhou na construção da usina hidrelétrica do parque industrial de Cubatão. 

Entre os anos de 1934 e 1935 foi professor do magistério secundário em vários colégios de São Paulo, capital. Em 1936, tornou-se funcionário da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, no departamento de engenharia rural, organismo responsável por diversos e importantes projetos no interior do Estado. 

Júlio Abreu notabilizou-se no movimento espírita brasileiro pela tradução pioneira da Revista Espírita, de Allan Kardec, em um trabalho monumental, iniciado em 1949, fruto de seu idealismo e do profundo amor pelo espiritismo. Fundou a editora Édipo com o intuito de publicar a revista em fascículos, mais tarde lançada em seus doze volumes completos pela Editora Cultural Espírita (Edicel). 

Ele foi um dos maiores eruditos que o espiritismo brasileiro já conheceu. É dele a visão da revista kardequiana como um laboratório de ideias, um espaço de experimentação doutrinária, conceitual, ferramenta indispensável de Kardec: “foi o seu mais importante instrumento de pesquisa, verdadeira sonda para a captação das reações do público, ao mesmo tempo, instrumento de divulgação e defesa da Doutrina. Mais do que isso, porém, constitui-se numa espécie de laboratório em que as manifestações mediúnicas, colhidas por todo o mundo, eram examinadas à luz dos princípios de O Livro dos Espíritos e controladas pelas experiências da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e pelas novas manifestações espirituais recebidas.” (Revista Espírita (1858) — Apresentação — Edicel. Grifo nosso). 

Ao lado do filósofo espírita Herculano Pires, defendeu ardorosamente a filosofia espírita e marcou posição contra os desvios doutrinários perpetrados pela Federação Espírita Brasileira (FEB). O Verbo e a Carne, obra lançada em parceria com Herculano, é um autêntico libelo contra o roustainguismo, corrente religiosa apócrifa adotada pela chamada “Casa Máter do Espiritismo”, à revelia dos espíritas brasileiros. Junto com Pedro Granja e Jorge Rizzini, também participou ativamente do Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo, fundado por Herculano Pires em 1948.

Além da Revista Espírita, traduziu diversas obras espíritas, das quais se destaca História do Espiritismo (The History of Spiritualism) do célebre autor de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle. Uma das mais fiéis traduções de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo foram feitas por ele, lançadas pela editora Pensamento. Também traduziu As Profecias de Daniel e o Apocalipse de João (Obervations Upont the Prophectes of Daniel and the Apocalipse of St. John - 1733), de Isaac Newton. 

Escreveu Erros Doutrinários — O Sentido do Roustainguismo (1950), compilação de artigos publicados no periódico carioca Aurora, uma refutação do livro Elos Doutrinários, do roustainguista Ismael Gomes Braga, editado pela FEB. Esse livro está inserido em O Verbo e a Carne (1973), lançado pela Edições Cairbar. Publicou ainda as obras Poeira da Estrada, lançada pela editora Édipo e Duas Teses, contendo O Livro Espírita no Brasil e Sincretismo Religioso, temas apresentados no I Congresso de Unificação do Espiritismo no Brasil. Também pela Édipo, publicou a partir de fevereiro de 1950 um periódico homônimo, doutrinário e noticioso, cujo lema era: “Sempre a verdade, carinho e amor para com todos”. Teve curta duração, com apenas 18 edições. 

Graças ao seu abnegado trabalho de tradução da Revista Espírita, o Clube dos Jornalistas Espíritas lançou o livro Espiritismo, sua Antiguidade, Evolução e Propagação, contendo textos selecionados e extraídos da Revista, uma grande novidade no movimento espírita da época. O livro saiu em 1951 pela Édipo, mas foi organizado e comercializado pelo Clube dos Jornalistas Espíritas, por ocasião do 94º aniversário do espiritismo, com prefácio de Herculano.

Júlio Abreu Filho exerceu inúmeras atividades no movimento espírita paulista. Foi diretor da União Federativa Espírita Paulista, uma das quatro entidades federativas que deram origem à União Social Espírita, em 1947.[1] A partir de 1952 passou a ser denominada de União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), da qual foi membro do conselho deliberativo estadual (CDE), ao lado de Herculano Pires e Pedro de Camargo (Vinícius).  

Foi representante no Brasil de vários órgãos internacionais do espiritismo. Era também um orador muito requisitado. Ministrou vários cursos no movimento espírita: na União da Mocidade Espírita de São Paulo e na Federação Espírita do Estado de São Paulo, onde coordenou o curso de Cosmogonia, na recém-criada Escola de Aprendizes do Evangelho, concebida em 1951 por Edgard Armond, o grande articulador da fundação da USE. Este curso fez parte do 2º Grau da Escola, mais voltado para o estudo filosófico. 

Júlio Abreu Filho foi um lídimo representante de uma geração de espíritas extremamente cultos, profundos conhecedores do espiritismo, da obra de Allan Kardec e com uma cultura enciclopédica somente comparável a de Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e Canuto Abreu. Nos últimos anos de sua existência viveu paralítico, passou por muitos dissabores, vindo a desencarnar em uma clínica onde estava internado, em São Paulo, capital, no dia 28 de setembro de 1972.[2]

Fontes de Consulta: 

ABREU FILHO, Júlio — Erros Doutrinários — O Sentido do Roustainguismo, 1ª ed. Édipo – São Paulo-SP [1950].

Anais do 1º Congresso Espírita do Estado de São Paulo — Edição da União Social Espírita, São Paulo-SP [1947].

GODOY, Paulo Alves — Grandes Vultos do Espiritismo, 2ª ed. Edições FEESP, São Paulo-SP [1990].

KARDEC, Allan — Revista Espírita (1858), trad. Júlio Abreu Filho, Edicel — São Paulo-SP, s/d.

LEX, Ary — 60 Anos de Espiritismo no Estado de São Paulo (Nossa Vivência), 1ª ed. Edições FEESP, São Paulo-SP [1996].

MONTEIRO, Eduardo Carvalho e D’OLIVO, Natalino — U.S.E. 50 Anos de Unificação, 1ª ed. Edições USE – São Paulo-SP [1997].

RAMOS, Clóvis — A Imprensa Espírita no Brasil — 18691978, 1ª ed. — Instituto Maria, Departamento Editorial, Juiz de Fora-MG [1979].

RIZZINI, Jorge — J. Herculano Pires, o Apóstolo de Kardec — O Homem, a Vida, a Obra, 1ª ed. Paidéia — São PauloSP [2001].

Cópia extraída do livro digital Biografia de Allan Kardec, por Júlio de Abreu Filho, editado pelo Pense — Pensamento Social Espírita.


[1] As outras federativas são: Liga Espírita do Estado de São Paulo, Federação Espírita do Estado de São Paulo e Sinagoga Espírita Nova Jerusalém. (Nota do Pense).

[2] Herculano Pires e Jorge Rizzini foram visitar Julio Abreu Filho na clínica onde estava internado, em 1972. Estava presente também sua filha, Ceres Nogueira Abreu Sacchetta, esposa do jornalista Hermínio Sacchetta, colega de profissão de Herculano, que se comprometeu a reeditar e prefaciar seu livro Erros Doutrinários, lançado há mais de 20 anos. Júlio Abreu se entusiasmou com o projeto da reedição e autorizou o parceiro a providenciar o que fosse necessário para o relançamento de sua obra. A fim de atualizar a edição, Herculano prefaciou e acrescentou uma segunda parte, dando origem a um dos clássicos da literatura espírita anti-roustainguista, O Verbo e a Carne, obra que Júlio Abreu não pôde ver publicada, pois desencarnaria algumas semanas depois. (Nota do Pense).

15 novembro 2025

Proclamação da República e Espiritismo

Em 15 de novembro de 1889, o Brasil deixou de ser monarquia — governado por um imperador, D. Pedro II — e passou a ser uma república, um sistema de governo em que o chefe de Estado é escolhido pelos cidadãos (direta ou indiretamente). Fato: Marechal Deodoro da Fonseca, apoiado por setores do exército, políticos e parte da elite, liderou um movimento militar que decretou o fim da monarquia, expulsou a família real imperial do Brasil e instalou um governo provisório republicano.

O capítulo 27 — “A República” do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos, mostra-nos o aspecto espiritual desse acontecimento, enfatizando que esta mudança política fazia parte de um processo necessário ao crescimento moral do povo brasileiro. A obra não é historiografia acadêmica — é uma narrativa espiritualista, que busca mostrar o papel espiritual do Brasil no mundo e a atuação de Espíritos na condução dos acontecimentos.

De acordo com Humberto de Campos, a proclamação da República Brasileira representa mais um passo para a consolidação da maioridade coletiva da nação do Evangelho. Isso quer dizer que doravante, o Brasil político será entregue à sua responsabilidade própria. Os amigos do espaço estarão inspirando toda a nação para que essa mudança se faça sem derramamento de sangue.

A Proclamação deve ser vista como “depuração” das estruturas imperiais. De acordo com o livro, o Império possuía méritos, mas também limites: 1) o governo monárquico não conseguia mais atender às exigências do progresso; 2) era necessário criar bases mais flexíveis para uma sociedade em expansão; 3) a República viabilizaria novas ideias, maior participação e transformações sociais

Para Humberto de Campos, os acontecimentos políticos têm finalidade espiritual. A República abre portas para: 1) liberdades civis maiores; 2) pluralidade religiosa e de pensamento; 3) redefinição da educação e do trabalho; 4) crescimento moral do povo. Mesmo com suas falhas históricas, o novo regime possibilitou transformações que conduzem, segundo o livro, ao papel futuro do Brasil como difusor do Evangelho redivivo.

 

 

14 novembro 2025

Roustainguismo e Espiritismo

Jean-Baptiste Roustaing (1805–1879) foi contemporâneo de Kardec. Apresentou-se como um intérprete dos evangelhos — Mateus Marcos, Lucas e João — sob a inspiração espiritual. Na sua obra Os Quatro Evangelhos: Revelação da Revelação defende o corpo fluídico de jesus, ou seja, um corpo aparente, ideia esta criada pelo docetismo (do grego dokein, “parecer”)

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, tem como base o pentateuco espírita — O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritíssimo, A Gênese e o Céu e o Inferno —, além das diversas obras complementares, em especial a Revista Espírita. Seus princípios fundamentais podem ser resumidos: existência e imortalidade da alma; comunicabilidade dos espíritos; lei de causa e efeito, reencarnação, evolução moral e intelectual.

Allan Kardec não aprovava a ideia de Roustaing sobre o corpo fluídico de Jesus. Defendia que Jesus tinha um corpo de carne como qualquer outro ser humano. Enquanto Roustaing dizia que Jesus não sofreu na cruz, Kardec afirmava o contrário. A única ressalva em relação a Jesus é que ele foi o ser humano mais perfeito que reencarnou na Terra. Dada a sua condição de espírito perfeito, o seu perispírito seria formado dos elementos mais sutis do globo. Nesse caso, a dor poderia ser amenizada, mas não suprimida de todo.  

Allan Kardec, no capítulo XV — "Os Milagres do Evangelho", do livro A Gênese, afirma que o corpo de Jesus era, pois, um corpo semelhante ao nosso. Negar a materialidade seria negar a encarnação, o que contradiz o princípio universal da reencarnação. 

No item 67 deste capítulo, diz: "Esta concepção sobre a natureza do corpo de Jesus não é nova. No quarto século, Apolinário de Laodiceia, chefe da seita dos Apolinaristas, pretendia que Jesus não tivesse possuído um corpo como o nosso, mas um corpo ‘impassível’, que descera do céu no seio da Santa Virgem, e não nascera dela; que, por essa forma Jesus não havia nascido nem sofrido, e que só morrera em aparência. Os Apolinaristas foram anatematizados no Concílio de Alexandria, em 360; no de Roma, em 374; e no de Constantinopla, em 381”.


 

12 novembro 2025

O Sentido Oculto do Roustainguismo

"O Sentido Oculto do Roustainguismo" é o título do capítulo VII da Segunda Parte do livro O Verbo e a Carne: Duas Análises do Roustainguismo, de autoria de José Herculano Pires e Júlio Abreu Filho, cuja publicação original é de 1972, pela editora Paideia.   

É o fechamento da série de artigos de análise do livro do Sr. Ismael Gomes Braga, feito por Júlio de Abreu Filho. 

Eis a transcrição deste capítulo: 

Nesta análise por vezes fomos ásperos, dessa aspereza chocante mas necessária nos ambientes espíritas. Mercê de Deus, entretanto, jamais nos afastamos daquela recomendação de Kardec: discutir sem disputar. Nunca deixamos de citar fielmente as fontes; nunca faltamos com o respeito à lógica, aos fatos, à verdade. Se, de passagem, fizemos referências a pessoas, vivas ou desencarnadas, jamais ferimos condições personalíssimas. É que essas criaturas estavam ligadas à projeção social de acontecimentos que interessam à gente espírita de modo muito particular.

Tomaram os espíritas como slogan número um o título de uma obra ditada pelo Espírito de Humberto de Campos: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Meditem os leitores sobre o conceito aí contido. É possível que o Espírito tenha lá as suas razões. Mas como? Quando?

05 novembro 2025

Facilidades e Dificuldades na Visão Espírita (Notas de Livro)

Título: Facilidades e Dificuldades na Visão Espírita

Autor: Luiz Guilherme Marques (médium)

P. Janet (Espírito)

Introdução  

Este livro pretende ser uma reflexão sobre a importância das facilidades e dificuldades na vida de cada encarnado, sendo que o próprio desenho nele inserido retrata todas as possibilidades que podem ocorrer, bem como as diferentes atitudes de cada um frente às facilidades e às dificuldades.

Verifiquemos, primeiramente, que o desenho apresenta três níveis diferentes: 

1) na parte superior encontra-se a Presença Divina, representada por um Olho, que tudo vê e sustenta energeticamente, independente do grau evolutivo de cada um, ou seja, em outras palavras, independente da sua forma de pensar, sentir e agir, ou, ainda, sua opção pelo Bem ou pelo Mal, pois o Mal é apenas resultado da ignorância, que, quando iluminada pela Verdade, faz com que o Espírito se encaminhe para o Bem. Por isso Jesus disse: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” Entendamos o significado deste tópico, pensemos sobre ele.

Janela para a Vida (Notas de Livro)

Título: Janela para a Vida

Autor: Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm

Espíritos Diversos 

1.ª Edição: 1979

Onde Cristo Está   

“É mais fácil encontrar o Cristo no coração de uma criatura animada pela fé do que no silencioso e subterrâneo tumulto de Jerusalém”.

 “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.” (S. Lucas — 6/45.) Preciosos ensinamentos hauridos ao correr de um caminho e de um tempo longo e frutífero, que não devo esquecer:  

UM SÁBIO ME FALOU ISTO:

— “O CRISTO EM JERUSALÉM?

NÃO VIVE LÁ, JESUS CRISTO

ESTÁ ONDE ESTEJA O BEM”.

30 outubro 2025

Pedagogia: Jesus e Kardec

Pedagogia. Do grego paidogogia, formada por pais / paidós “criança”, agogós, “aquele que conduz, guia", ago, “conduzir, guiar”. Na Grécia Antiga, paidagogós não era professor, mas sim o escravo encarregado de acompanhar a criança até a escola, cuidar de sua conduta e garantir que estudasse. Literalmente, paidagogos era “aquele que conduz a criança”, ou seja, o guia da criança.

Com o tempo, o termo passou a designar não apenas o acompanhante físico da criança, mas aquele que a orienta na aprendizagem e na formação moral e intelectual. Assim, “pedagogia” evoluiu para significar: “A arte ou ciência de educar e instruir as crianças.” Hoje, o termo abrange a teoria e prática da educação, em sentido amplo, incluindo métodos, princípios e filosofia do ensino.

Pedagogia de Jesus. Jesus não era um pedagogo no sentido atual, pois não foi formado em nenhuma faculdade. A sua abordagem educacional pode ser extraída dos ensinamentos práticos, principalmente aqueles registrados nos evangelhos. Seus princípios fundamentais são: 1) ensino pelo exemplo (fala e ação); 2) respeito pela individualidade; 3) amor incondicional ao próximo; 4) ensinamento por parábolas (histórias simples para uma reflexão profunda).

Pedagogia espírita. Pode-se entender como o modo de conduzir o ser humano em seu processo de aprendizado e progresso moral, segundo os princípios do Espiritismo, codificados por Allan Kardec. Eis alguns pontos: 1) educação moral e espiritual; 2) reencarnação e evolução espiritual; 3) responsabilidade individual e coletiva; 4) desenvolvimento da consciência.

Para mais informações, consultar o livro Pedagogia Espírita do prof. J. Herculano Pires, editado pela Edicel em 1985. Nele encontraremos ensinamentos sobre o mistério do ser, educação integral, a pedagogia de Jesus, a didática de Kardec, o Espiritismo nas escolas, a pedagogia espírita, entre outros.

Podemos dizer que tanto a pedagogia de Jesus quanto a espírita tem um único objetivo: desenvolvimento integral do ser humano.

29 outubro 2025

Honra a teu Pai e a tua Mãe

Honra. Valor moral ligado à dignidade, à boa reputação e ao comportamento ético e virtuoso do indivíduo. Honrar significa agir com integridade e respeito, tanto diante da sociedade quanto no convívio familiar. Esse princípio se manifesta especialmente no cumprimento dos deveres morais, sendo uma virtude essencial para a construção de relações justas e harmoniosas.

No texto evangélico, a honra é destacada nos mandamentos bíblicos: “Honra teu pai e tua mãe”, presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Essa ordem divina é associada à piedade filial, ou seja, ao respeito e à gratidão dos filhos para com os pais. O Evangelho Segundo o Espiritismo amplia essa ideia, mostrando que a verdadeira honra inclui o reconhecimento espiritual dos laços familiares, que ultrapassam a convivência física e se estendem à dimensão espiritual.

No âmbito da família, devemos reconhecer que os laços entre pais e filhos são resultado de um planejamento espiritual anterior à reencarnação. Assim, as relações familiares não acontecem por acaso, mas têm o propósito de promover aprendizado e reconciliação entre espíritos. A harmonia familiar exige esforço mútuo, especialmente quando há dificuldades decorrentes de desentendimentos passados. 

Bíblia e Espiritismo. Moisés trouxe a Primeira Revelação com os Dez Mandamentos; Jesus, com o Novo Testamento, apresentou a Segunda, baseada no amor a Deus e ao próximo; e o Espiritismo, codificado por Allan Kardec, constitui a Terceira Revelação, aprofundando e ampliando esses ensinamentos. O Espírito André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, reforça que a dívida para com os pais é sagrada e impagável, devendo sempre ser retribuída com respeito, gratidão e cuidado.

Nas responsabilidades mútuas, destaca-se que os pais têm o dever de educar moralmente os filhos e introduzi-los em valores espirituais e éticos. Já os filhos devem retribuir com carinho, assistência e respeito, especialmente na velhice dos pais.

Reafirmamos que honrar pai e mãe é mais do que obedecer: é reconhecer o amor, o sacrifício e a importância desses laços, perpetuando a harmonia e o aprendizado espiritual entre as gerações.

27 outubro 2025

Os Sãos não Precisam de Médico

“Os sãos não precisam de médico” é um dos subitens do capítulo XXIV — “Não por a Candeia Debaixo do Alqueire” de O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec. Os demais subtítulos são: A Candeia Debaixo do Alqueire. Porque Fala Jesus por Parábolas — Não ir aos Gentios — A Coragem da Fé — Carregar a Cruz. Quem Quiser Salvar a Vida.

O endereço bíblico: E aconteceu que, estando Jesus assentado à mesa numa casa, eis que, vindo muitos publicanos e pecadores, se assentaram a comer com ele e com os seus discípulos. E vendo isto os Fariseus, diziam aos seus discípulos: Por que come o vosso mestre com os publicanos e pecadores? Mas, ouvindo-os, Jesus disse: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos. (Mateus, IX: 10-12). 

A doença é uma condição que causa desvio ou interrupção do funcionamento normal de um organismo, manifestando-se por um conjunto de sinais e sintomas que limitam a capacidade funcional de um indivíduo. Ela pode ser física, mental e espiritual. Sua causa pode ser encontrada nesta ou em outras existências. Em se tratando da cura: para um problema físico, buscamos a orientação de um médico; se o problema é mental, um psicólogo; se for obsessão, um Centro Espírita.  

Mediunidade é uma faculdade humana, natural em que se estabelecem as relações entre o médium o espirito comunicante. É a relação entre encarnados e desencarnados. É uma condição humana, que não depende da moral do médium. Por isso, não devemos nos revoltar quando virmos médiuns cometendo os mais graves absurdos.

No item em questão, há uma extensa dissertação sobre a mediunidade, orientando-nos a não criticarmos a conduta dos médiuns, pois são eles que precisam do médico. Lembremo-nos de que na época da codificação do Espiritismo, Kardec preferia o médium letrado ao moralizado, com a seguinte explicação: ao divulgar os ensinamentos da nova doutrina, primeiro prega para si mesmo. É a história do dedo indicador apontando para o público, enquanto os outros três voltam-se para si mesmo.  

Se o poder de comunicar-se com os Espíritos só fosse dado aos mais dignos, qual aquele que ousaria pretendê-lo? E onde estaria o limite da dignidade e da indignidade? A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico: aos virtuosos, para os fortalecer no bem; e aos viciosos, para os corrigir. Estes últimos não são os doentes que precisam de médico?

No livro Educandário de Luz, o Espírito Irmão X relata-nos o diálogo entre D. Clara que, por meio de diversas perguntas, feitas ao Espírito Júlio, protetor daquele grupo espírita, tinha o seguinte objetivo: organizar um círculo de criaturas elevadas e sinceras, que apenas cogitem da virtude praticada. No final, pergunta se o Espírito Júlio poderia fazer parte desse grupo, ao que ele responde que não, por causa da sua imperfeição. Concluindo a conversa, o Espírito diz: — Sim, minha filha, um grupo assim tão perfeito deve existir... Com toda certeza deve ser o grupo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A humildade é o fundamento de todas as virtudes. Por mais influência que estivermos recebendo dos mentores espirituais, conscientizemo-nos de que somos simples intermediários dos bons Espíritos. 

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/s%C3%A3os-n%C3%A3o-precisam-de-m%C3%A9dico-os


21 outubro 2025

Esboço Histórico do Desvirtuamento do Cristianismo (Notas de Livro)

Título: Esboço Histórico do Desvirtuamento do Cristianismo (Uma Perspectiva Espírita — Dragões, uma Pequena História)

Autor: Leonardo Paixão (Médium)

Pelo Espírito Alberto

PAIXÃO, Leonardo. Esboço Histórico do Desvirtuamento do Cristianismo (Uma perspectiva espírita — Dragões, uma pequena história), pelo Espírito Alberto. Rio de Janeiro:  Campos dos Goytacazes, edição do Autor, 2016.

Há séculos o homem vem tentando compreender o sentido das palavras pronunciadas pelos lábios puros do Cristo. 

No século II, o Pai Epifânio de muita austeridade para com seus discípulos, auxiliou a que o Cristianismo, até então, isento de ritos e pompas, passasse a ter imagens em seu culto tanto quanto ritos retirados dos templos pagãos.  Começa aí (século II) a trajetória do desvirtuamento da Doutrina Cristã. 

19 outubro 2025

A Caridade na Divulgação da Verdade: A Missão do Brasil (Notas de Livro)

Título: A Caridade da Divulgação da Verdade: A Missão Do Brasil

Autor: Luiz Guilherme Marques (médium)

Pelo Espírito Juscelino Kubitschek

Introdução 

Quando Jesus afirmou: “Meu Reino não é deste mundo” não estava querendo dizer que não considerava importantes as realizações materiais, mas sim que as criaturas devem se espiritualizar, pois que são Espíritos e não corpos e, mesmo assim, a preferência pela materialidade ainda continua sendo o objetivo da maior parte da humanidade terrestre. 

Capítulo 1 — Virtudes do Povo Brasileiro

Quem teve a oportunidade de ler os livros “A Caminho da Luz”, de Emmanuel, e “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de Humberto de Campos, pode verificar que cada povo, como cada individualidade espiritual, tem sua tarefa definida no conjunto dos seres criados por Deus.

16 outubro 2025

A Caminho da Luz: História da Civilização à Luz do Espiritismo (Notas de Livro)

Título: A Caminho da Luz: História da Civilização à Luz do Espiritismo 

Autor: Francisco Cândido Xavier (Médium)

Espírito Emmanuel 

XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz: História da Civilização à Luz do Espiritismo. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1972. 

Antelóquio

Na mensagem recebida em 17 de agosto de 1938, o Espírito Emmanuel diz que a sua contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres.

Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (Notas de Livro)

TítuloBrasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho

Autor: Francisco Cândido Xavier (Médium)

Espírito Humberto de Campos

XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. Rio de Janeiro: FEB, 2011 (1.ª edição: 1938). 

Prefácio

O Espírito Emmanuel refere-se ao esclarecimento das origens remotas da formação da Pátria do Evangelho, em que o nosso irmão Humberto de Campos, grande conhecedor do Brasil que, pela sua dedicação, recolheu dados nas tradições do mundo espiritual e repassou-os aos que possam se interessar por eles.

Precisamos, ao lado do seu sentido econômico, buscar a sua significação espiritual. O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro. Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz.

15 outubro 2025

Planeta Terra em Transição (Notas de Livro)

Título: Planeta Terra em Transição

Autor: Izoldino Resende de Morais (Médium)

Pelo Espírito Ismael 

Editora Cristo Consolador Santa Luzia, Minas Gerais, 2011. 

Prefácio

Vivemos tempos de transição... Para as religiões tradicionais e literalistas, trata-se do "fim do mundo". Para o Espiritismo Consolador, é chegado o fim de "um mundo", dos tempos difíceis de expiações e provas.

Os grandes dramas da humanidade atual transcendem os cataclismos de natureza física do orbe; são aqueles que caracterizam sua decadência moral em quase todos os departamentos da vida social. Violência, drogadição, sexolatria, corrupção, guerras localizadas ou pulverizadas, muitos são os problemas que ainda denunciam o alto nível de animalidade da espécie humana.

11 outubro 2025

Conselho Cármico da Terra (Livro)

O médium Luiz Guilherme Marques (Irmandade dos Anônimos), no livro O Conselho Cármico da Terra, diz-nos que existe um governo espiritual responsável pela administração da Terra, sob a direção de Jesus que, embora muitas pessoas reconheçam Sua autoridade espiritual, poucas compreendem como funciona a estrutura que O auxilia nessa tarefa. Procura, assim, explicar o seu funcionamento, incluindo o cuidado não apenas com os humanos, mas também com as criaturas dos reinos inferiores da Natureza.

Esse Conselho é formado por Espíritos de grande elevação moral e sabedoria, como Maria de Nazaré, o Arcanjo Miguel, Allan Kardec, Buda, Gandhi, Chico Xavier, Teresa de Ávila, entre outros. Eles se reúnem quatro vezes por ano — nos últimos dias de março, junho, setembro e dezembro — para avaliar o progresso espiritual da humanidade e definir novas ações para o próximo período. Nessas reuniões, são tratadas questões de alta relevância, como o combate à influência do mal e o processo de regeneração planetária que a Terra vivencia atualmente.

De acordo com o autor, um dos principais desafios enfrentados pelo Conselho Cármico são as drogas, usadas como ferramenta dos espíritos atrasados para dificultar o progresso moral da humanidade. Esses seres, temendo o próprio exílio para mundos inferiores, tentam manter os jovens presos ao vício e à degradação. No entanto, o Conselho atua sem violar o livre-arbítrio, aplicando a Lei Divina conforme o merecimento de cada indivíduo.

Os Espíritos Superiores que fazem parte do Conselho não pertencem a uma religião específica — catolicismo, hinduísmo, xamanismo, e mesmo espiritismo —, pois se orientam pela Lei Divina Universal, válida para todo o cosmos. Assim, o Conselho Cármico reúne entidades que, quando encarnadas, seguiram diversas tradições religiosas ou filosóficas, mas que hoje trabalham unidas pelo bem comum e pelo equilíbrio planetário.

Como o progresso é coletivo, o autor enfatiza a necessidade do "orai e vigiai" de cada indivíduo. Reforça, ainda, que o Bem sempre triunfa — especialmente quando as criaturas humanas se unem, com sinceridade e boa vontade, às forças luminosas que regem o Universo.

08 outubro 2025

Notícia e Espiritualidade

A facilidade da notícia cria a mentalidade da notícia. Se não prestarmos atenção, raras vezes estaremos visitando a nós mesmos.

Notícia é o relato factual, objetivo e atual de um acontecimento de interesse público, divulgado por um veículo de comunicação que, via de regra, deveria ser de forma clara, concisa e imparcial. Seus elementos essenciais são: fato (algo que realmente aconteceu), atualidade (deve tratar de algo recente), interesse público (ser relevante para a sociedade), objetividade (relatar sem opinar) e veracidade (basear-se em informações verdadeiras e verificadas).

Léon Denis, no capítulo 24 — “A disciplina do pensamento e a reforma do caráter”, da terceira parte — “As potências da alma”, do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, orienta-nos a evitar as discussões barulhentas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Acrescenta: “Sejamos comedidos com os jornais. A leitura dos jornais, fazendo-nos passar continuamente de um assunto a outro, torna o espírito ainda mais instável. Vivemos em uma época de anemia intelectual, que é causada pela raridade dos estudos sérios, pela opção abusiva da palavra pela palavra, de forma bela e vazia e, sobretudo, pela insuficiência dos educadores da juventude”.

Por que a insistência com o jornal? Há uma ilusão da notícia. Diz-se que a notícia é, para o cérebro, o que o açúcar é para o corpo: apetitosa, fácil de digerir e altamente destrutiva no longo prazo. Renunciando à notícia, podemos ter pensamentos mais claros, percepções mais valiosas, melhores decisões e muito mais tempo. 

Razões para ficarmos distantes da notícia: 1) nossos cérebros reagem desproporcionalmente a diferentes tipos de informação; 2) notícias são irrelevantes (qual delas contribuiu para nossa melhoria interior?); 3) notícias são perda de tempo (um ser humano médio desperdiça meio dia a cada semana lendo sobre assuntos atuais).

Em geral, lê-se muito, lê-se rapidamente e não se medita. Léon Denis complementa: 

O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes. A palavra é brilhante, mas degenera, com muita frequência, em conversações estéreis, às vezes, malfazejas; desta forma, o pensamento se enfraquece e a alma se esvazia. Ao passo que, com a meditação, o espírito se concentra; dirige-se para o lado grave e solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o em suas ondas. Há, em torno do pensador, grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo; é na penumbra das horas tranquilas, ou à luz discreta de sua luminária de trabalho, que melhor eles podem estabelecer comunicação com ele. Em toda parte e sempre, uma vida oculta mistura-se à nossa.


Cinquenta Perguntas sobre o Livro "Nosso Lar"

01 – Que tipo de sensação descreveu o Espírito André Luís, logo após o seu desencarne?

R. – Uma sensação de perda da noção de tempo e espaço. Sentia-se amargurado, coração aos saltos e um medo terrível do desconhecido.

02 – Por que pecha de suicida?

R. – André Luiz não conseguia compreender porque o chamavam de suicida. Em sua concepção,tinha cumprido condignamente os deveres de médico, marido e pai. Contudo, ficou sabendo depois, que perdera muita vitalidade com bebidas e alimentação inadequada.

03 – Qual a finalidade da oração coletiva?

R. – Manter o equilíbrio espiritual da colônia. "Para tanto, todas as residências e instituições do "Nosso Lar" estão orando com o Governador, através da audição e visão à distância".

04 – Quais as causas do suicídio, segundo Henrique Luna, do Serviço de Assistência Médica da colônia espiritual?

R. – Modo exasperado e sombrio, cólera, ausência de autodomínio, inadvertência no trato com os semelhantes...

07 outubro 2025

Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia (Notas de Livro)

TítuloEnciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia

Autor: Ricardo Cavendish

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial sobre Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.

Prefácio 

As enciclopédias, em geral, destinam-se a informar aos leitores o que se conhece dos assuntos abordados, com o que um consenso de opinião abalizada afirma ser a provável verdade sobre tais assuntos. Mais do que nas enciclopédias convencionais, nos preocupamos necessariamente com a especulação e a comunicação da especulação.